domingo, 13 de março de 2011

Um amor de verão.

Tudo o que vivi, senti e sonhei durante aquele tempo, jamais sairá da minha mente, corpo e coração.
Amei com tudo o que podia amar, me entreguei como jamais sonhei em me entregar. Ele me olhava e o mundo inteiro a nossa volta se desmanchava como em cinzas. Não imaginei sentir isso por ele, ou por qualquer outro homem, só ele me amou, cuidou de mim, só ele me fez mulher.
"Eu te amo, Gi." disse a mim quando estava se despedindo. Não tive forças para responder que também o amava. Não chorei na frente dele, não o abracei, nem o dei o último beijo, me faltou força, me faltou coragem para dizer adeus.
"Eu juro que volto, o que aconteceu aqui não foi em vão. Venho te buscar, você ainda vai vim comigo, serás só minha." ouvia-o dizer e meus lábios não se separavam para dizer nada. Ele se aproximou, me beijou e não retribuí.
Toda a nossa história se passou como um flash em minha mente.
Estávamos na praia perto de casa, a chuva não parava de cair, mas isso não nos intimidava. Ele me pegou no colo e me rodou, rodou, rodou... não existia mundo, só existia eu e ele. Ele me pousou no chão e ao pegar meu rosto entre as mãos, disse bem baixo: "Vamos fugir?". "Fugir pra onde, bobo?" "Pra um lugar onde só tenha eu e você." Aquilo não fazia sentido, mas concordei com ele.
Me veio outro momento a mente.
Estávamos dentro do celeiro da casa vizinha a minha, deitados e escondidos. Eu deitei em seu peito e ele mexia em meu cabelo. "Preciso te dizer uma coisa." Fiquei em silêncio. "Não imaginei que fosse me envolver assim com alguém daqui." "Eu imaginei que essas seriam as piores férias da minha vida." "Eu tenho alguém me esperando lá." senti meu rosto gelar. Não disse nada. "Ela se chama Joana, mas não é mais nada pra mim. Pra mim só existe você." Me afastei dele. "Gi, só existe você."
Mais um momento veio a minha mente.
Deitamos no chão do meu quarto. Só estava eu e ele em casa. Meus pais e meu irmão foram pra uma festa. "Quero que você me ame." Ele me olhou nos olhos sem entender. "Me ame." puxei-o e o beijei.
Suas mãos tremulas deslisaram pelo meu corpo, ele beijou o meu pescoço e tirou fora a minha blusa. Eu não tinha certeza se era  o certo a fazer, mas o amor que eu sentia por ele não me fazia sentir medo.
"Gi, fala alguma coisa." o ônibus dele estava quase saindo. Balancei a cabeça dizendo que não dava, tirei a pulseira que ele me dera no meio do verão e lhe entreguei. Ele a pegou na mão e beijou minha testa. "Eu vou voltar, eu te juro."
Fazem 24 anos que ele se foi. Todo começo de verão, mesmo sabendo que ele não volta, eu vou até a rodoviária, fico esperando ele. Sei que não tem como ele voltar, só o vejo nos sonhos, nas lembranças e memórias.
Meus filhos me perguntam quem foi o maior homem da minha vida. Eu minto. E vou ter que mentir pro resto da minha vida. Não é algo que eu me orgulho.
Eu amei um homem em toda a minha vida, e sei que ele também me amou até o seu último segundo de vida.

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