segunda-feira, 14 de março de 2011

Debaixo de chuva.

Ambos estavam tremendo de tanto frio. Ele não se importava tanto com o frio, contanto que ela não sentisse o que ele sentia, por ele estava tudo bem. Ela estava com o casaco dele sobre os ombros e com sua cabeça entre os joelhos. Tudo o que ela não queria naquele momento era ter que olhar pra cara dele.
Ele não parava de se questionar porque ele se tornara tão despresível a ela, ele fez o que ela queria que fosse feito, mas que não tinha coragem de fazer, mas o amor que ela plantara em seu peito ainda estava ali e não queria sair de modo algum.
Ela sentia nojo dele, não sabia como um dia conseguira sentir algo por ele, hoje ela tinha (quase) certeza que nunca o amara, não de verdade.
"Olhe pra mim." exigiu ele. Ela o ignorou. "Olhe pra mim Nicole.". Ela continuou sem olhar. Ele decidiu dizer assim mesmo. "Por que você sempre aje como se tudo fosse minha culpa? Eu que pedi pra chover? Eu mandei o Santo de não sei o que abrir a porcaria da torneira e chover? Eu não te obriguei a subir naquele cavalo e vir até aqui comigo. Eu não quis que as coisas fossem do jeito que foram!" Ela nada disse.
Com a cabeça ali abaixada, ela não parava de pensar em como não queria estar ali. Decidiu encará-lo, mas ao faze-lo, logo se arrependeu. Seus olhos estavam cheios de lágrimas e ele percebeu isso apesar da pouca luz ali.
Ele não disse nada, mas sentiu seu coração desmanchar, a última coisa que gostava de ver era ela chorando.
"Vai dizer que não quis terminar comigo também." ela o fuzilava, mas não com raiva. "Eu fui obrigado, você sabe disso." " Obrigado por quem? Em?" "Obrigado por você." Ela não rebateu, sabia que no fundo aquilo era verdade. Mas se ele a amasse como disse que amava, ele jamais teria deixado ela ir.
"Você não me amava mais, isso estava evidente Nicole. Não tem como negar." "Isso é mentira." "Você sabe que não é, no entanto que o primeiro que apareceu você já agarrou." "Olha lá como fala de mim e do Breno" Ele não disse nada.
"Eu te esperei, Cauã. Te esperei por um ano. E nada." Ela respirou fundo e continuou. "Eu não atendia aos telefonemas quando via que não era você. Eu não sentia vontade alguma de sair. Lia e relia suas cartas, via nossas fotos, pegava na mão as flores dentro da caixa e a medida que elas despedaçavam na minha mão, eu chorava mais. Você não pode usar a desculpa que eu não te amava mais, isso é pura mentira." Ele falou logo em seguida. " E porque você nunca me disse isso? Por que deixou isso inchar?" Ela não respondeu, não sabia o por quê.
" Você fez tudo errado, Cauã, tudo!" "Eu te amei muito, eu te dei carinho, te dei afeto, te respeitei em todos os momentos, te dei tudo o que você queria... mudei por você, mudei meu jeito de falar, meu jeito de agir, deixei meus amigos de lado pra te por em primeiro lugar na minha vida... Como fiz errado? Tentei ser perfeito pra você, o homem dos seus sonhos. O que mais faltou?" Ela respirou, desviou o olhar e logo em seguida olhou dentro de seus olhos. "Faltou você me fazer sentir a mulher mais amada do mundo." Ele não entendeu, ele podia jurar que tinha conseguido isso. "O Breno que me completa, ele me ama incondicionalmente, me faz sentir mulher." Ele virou de costas e passou a mão pelos cabelos. Ela continuou a falar. "Ele dá a vida por mim, não muda por mim, até porque nunca quis que ninguém mudasse por mim, conheci ele do jeito que ele está até hoje, e você deveria ter continuado do mesmo jeito, sem mudar um fio de cabelo."
Ele colocou a mão pra fora e sentiu a chuva. Deu um passo a frente e se deixou molhar. Estendeu os braços ao céu e se virou pra ela.
"Eu terminei, porque senti que você queria terminar mas não conseguia, mas se dependesse de mim nós casaríamos, viveríamos juntos pra sempre! Eu tinha tudo planejado... íamos viver juntos até o fim dos tempos." "E por que você demorou pra me dizer isso?" Ele não respondeu. "O Breno me ama, o Breno dá a vida por mim, o Breno me venera... Mas é você quem eu amo e é com você que eu quero passar o resto da minha vida!" Ela correu aos seus braços e lhe enxeu de beijos pela face.
"Se eu largar ele pra ficar com você, você fica comigo? Pra valer?" Ele olhou dentro dos olhos dela e sorriu, era tudo o que ele queria ouvir. "Isso é um pedido de namoro?" perguntou ele. "De casamento." ela o respondeu.
Eles se beijaram como nunca haviam feito, a chuva escorria pelo corpo dos dois como se não tivesse efeito algum. Eles se amaram, como nunca sonharam amar outro alguém em toda a vida.

Um comentário:

  1. Me diz de onde vem tanta inspiração?
    esses contos são completos em seus universos!
    muito bom mesmo!!
    bjs

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